"A diferença entre a vida e a arte é que a arte é mais suportável." Bukowski

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Seu mundo silencioso

 Gostaria que ficasse com sua individualidade tão incomoda, agora. E seus livros velhos, e os novos, os amores antigos, as lágrimas passadas, as que estão prestes a deslizar em seu rosto que eu tanto gosto de beijar... E que o tranquilize enquanto deslizam sob a tua alma tão machucada, que sejam tão longas quanto o tempo que esperaria passar com você. E que essas, findem em seus lábios que tanto ansiei  tocar com os meus lábios mais uma vez. E quando as horas passarem, as luzes se apagarem, as baratas estarão a tomar conta das suas memórias pela cozinha, pelos nossos poucos e raros banhos juntos, pelos nossos amores e medos e segredos deixados na estante empoeirada. Então o deixarei em paz, então eu finalmente poderei deixá-lo em paz.  Enquanto estou aqui aos cacos, o vendo ir embora, com as mãos vazias, sem poder dizer nada.
 Eu caminho pelas ruas, estou a ver casais felizes ao meu redor. Nós nos cruzamos a cada 3 passadas. Eu me curvo, cabisbaixa ponho as mãos vazias nos bolsos, com vergonha por me olharem com suas caras debochadas, sabendo que não tenho mais a sua companhia.
Eu planejei os anos que poderia passar com você, algumas poucas viagens, nossos banhos juntos, os nossos fins de semana fugindo do mundo embaixo de um cobertor junto a um pote de sorvete do tamanho de nossas vontades... Mas estou aqui, com meu peito amortalhado, com medo de que você nunca mais volte. Não sei mais onde guardo o meu amor. As suas gavetas estão cheias, as suas palavras estão fartas, talvez eu não caiba mais na sua vida, nos seus planos, enquanto só tenho suas cartas antigas de amor e seus restos nas minhas entranhas junto ao seu gosto e cheiro espalhados pelo meu corpo esguio e feio. Talvez você não queira mais o meu amor.
 As nossas fotos são mais cruéis quando as vejo felizes transpirando nosso amor por aí. Eu não o encontro mais em lugar algum, você desmereceu as minhas carícias e os meus beijos. E o que posso fazer? Bom, eu não posso fazer mais nada simplesmente porque não sei se devo fazê-lo.
  Ponho-me ao telefone, ouço seu choro que me faz chorar, a sua tristeza que também me entristece. Eu poderia dizer se ainda me quisesse. Pois gastei cinquenta e nove hoje. As que sobraram ainda são suas. Guardei o resto pra você.


                           

2 comentários:

Anônimo disse...

Poxa, venho sempre aqui e me deparo com teus escritos tão tristes e belos. Mandei vários e-mails pra você mas nunca recebi resposta. Eu tenho saudades dos seus olhos... Queria poder sair com você de novo, queria reparar o dano que causei a vc. Fico te aguardando. Vou passar mais vezes aqui.

Bj.

Cigarros e Afagos disse...

Já respondi seu email. Você me encontra mesmo se eu estiver do outro lado do mundo ein.

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