Terrível dia. Porém do jeito que gosto, cinza, sem chuva e pouco frio. O centro da cidade parecia não ter onde pisar, como sempre, para um dia de semana; sexta-feira. Sem vontade alguma de ir embora e com uma imensa vontade de ficar por lá mesmo até cansar da solidão, nada mais restou que caminhar pela Afonso Pena. Entre passos dados com muita pressa, me distraía com rostos de pessoas, pois sabia que desses nunca haveria de lembrar. O cigarro que fumava, naquela hora pedia muito um café. Qualquer cafetaria seria apropriada. Mas no fundo, eu bem que queria me deliciar na cafetaria do Palácio das Artes, como sempre. Sozinha, cada vez mais, a tristeza me invadia por andar e misturar no meio de tanta gente; gente que mal conhecia, e mal sabia quem era. Atravessando ruas, vendo carros, ônibus, pessoas e mais pessoas; enfim, cansada daquilo tudo que estava virando um tédio. Enjoada de olhar pra tantos rostos diferentes que nem me lembrava quem eram os últimos a ter visto, olhar para o chão era muito mais divertido. Pois pelo menos do chão que estava pisando, conseguia me lembrar perfeitamente como era.
Por fim, após cigarros e cigarros fumados, passos e mais passos dados, vencida pelo cansaço, chego ao lugar onde tanto queria. Muito cheio naquele horário, fiz questão de esperar vagar um lugar para que eu finalmente me sentasse e tomasse um café.
Eu, mais triste ainda por não estar satisfeita de me sentar naquela mesa acompanhada de mim mesma, fiz logo meu pedido, e angustiada fui pagando a conta e indo embora sem ao menos terminar meu café.
Acho que seria muito melhor, se resolvesse ficar em casa, esquecer as compras de hoje, ter uma overdose de café e ler Sócrates até dormir com a luz do abajur ligada.
A cada dia que passa, minha vida é mais invadida pelo tédio, e meus dia cada vez mais monótonos.
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