"A diferença entre a vida e a arte é que a arte é mais suportável." Bukowski

terça-feira, 12 de julho de 2011

Segundo Parágrafo - Dores que não são dores

   Eu vou ao encontro do seu abraço desesperado e minhas costelas doem. Você me sufoca de amor, e o amor dói. É bom ver o quanto o amor dói. As minhas costelas, as minhas entranhas, as minhas pernas, as minhas mãos, o meu pescoço e meus lábios trêmulos, doem. O amor vai doendo aos poucos, como um toque, e poder senti-lo doer. Dores que não são dores.




"Entrarei no silencioso quarto de dormir e me deitarei entre noive e noiva,
esses corpos caídos do céu esperando nus em sobressalto,
braços pousados sobre os olhos na escuridão,
afundarei minha cara em seus ombros e seios, respirarei sua pele
e acariciarei e beijarei a nuca e a boca e abrirei e mostrarei seu traseiro,
pernas erguidas e dobradas para receber, caralho atormentado na escuridão, atacando
levantando do buraco até a cabeça pulsante,
corpos entrelaçados nus e trêmulos, coxas quentes e nádegas enfiadas uma na outra
e os olhos, olhos cintilando encantadores, abrindo-se em olhares e abandono,
e os gemidos do movimento, vozes, mãos no ar, mãos entre as coxas,
mãos na umidade de macios quadris, palpitante contração de ventres
até que o branco venha jorrar no turbilhão dos lençóis
e a noiva grite pedindo perdão e o noivo se cubra de lágrimas de paixão e compaixão
e eu me erga da cama saciado de últimos gestos íntimos e beijos de adeus –
tudo isso antes que a mente desperte, atrás das cortinas e portas fechadas da casa  escurecida
cujos habitantes perambulam insatisfeitos pela noite,
fantasmas desnudos buscando-se no silêncio."

Poema de amor sobre um tema de Whitman - Allen Ginsberg.
   

Nenhum comentário:

Musique pour quelque chose


MusicPlaylistView Profile
Create a playlist at MixPod.com