Espanhol
"O som toca
Não se tem palavras nas tardes
As folhas se agitam lá fora
O céu é laranja
Nem sempre se vive de lilás
O vermelho sim
Paira nos cabelos e nos lábios
Não sinto a morte tão de perto
Não a vejo a alguns anos
Passei por ela
Brinquei com sua cara
E voltei a vida
Com meus olhos
E meus ouvidos
Pensei nas coisas que poderia ter
E acabei entendendo
Que uma garrafa era redonda demais
Pra me dizer as verdades
Que me eram escondidas
E que me atormentam
Quando me olham
Eu olho
Hoje
Eu olho."
Este me faz sentir como se pudesse me esconder dentro de uma garrafa ainda com álcool preenchendo-a até a metade. E eu, mergulhada em devida transparência, desejando me esconder da vida lá fora, a observar um pássaro azul enquanto despejam-lhe bebida a soprar cigarros alheios a sua volta... Me liberto das angústias aos goles. E vomito toda a minha vida desordenada pelo chão do meu apartamento limpo. Vejo sangue, vejo o que bebi, o que pude comer, o que não pude, o que guardei em excesso. Junto as lágrimas no lençol. Poderia dormir se quisesse.
Cinco da manhã. Eu vou à cozinha fazer café. E vou sair pelas ruas atravessada nos postes, acendendo o cigarro matutino que agride meus pulmões cinzas, da cor do caos nas cidades.
Louise Martins
Louise Martins
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