"A diferença entre a vida e a arte é que a arte é mais suportável." Bukowski

sábado, 18 de junho de 2011

   Então quer dizer que as coisas parecem estar indo tão bem quando vivemos nas extremidades... Voltamos para casa, por aquele velho e íntimo caminho. Lugares repletos de um vazio, ruas tão largas quanto sua tristeza em atravessá-las e postes de luz diretamente ligados aos meus seus pés. Caminhar com as mãos fora do bolso, soltas pelo caminho e frias pela madrugada, é assim com os mendigos que se aquecem entre jornais e o  asfalto gelado. E você, que volta sempre para o mesmo lugar quando seu limite e suas horas despencam nos ponteiros do relógio. Estive reparando mais nos prédios, não gostaria de performar minha tristeza pelas ruas, enquanto, da janela alguém me assistiria. O duro e longo caminho de casa, quando não se quer voltar; quando não se tem pra onde voltar. E você carrega suas roupas e seu casaco pesado e o maço de cigarros e um isqueiro na bolsa. Com seu par de botas ainda novas consegue carregar nos ombros o peso no peito que se alastrou e contaminou o resto do seu corpo e do seu dia. Suas costas pesam.
 Não há nada para dizer, quando, na verdade eu converso com minhas madrugadas vazias e tão insignificantes. Mas consigo fazer a tristeza findar ao longo dos dias. Prolongo meu cansaço e me jogo em lençóis recém lavados com seu corpo, que me conforta por alguns dias, até que eu não o sinta mais. Você vem mais uma vez e se espalha. E aquele cheiro tão complexo de seus fluidos e seus pedaços deixados em meu travesseiro são quase o bastante, o que eu mais precisaria para o resto da noite.


     

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