"A diferença entre a vida e a arte é que a arte é mais suportável." Bukowski

sábado, 4 de dezembro de 2010

Feito o desespero.





 Queria que tudo ficasse claro, não deixando que meus restos de esperanças, jogados por aí, espalhados, continuassem sendo alimentados. Tudo está fora do alcance, me encontro no fundo, no final, no desespero que algo novo me desperte, que leve consigo as aflições de um tempo atual onde o presente talvez regresse mas que seja sempre o inesperado, tão desejado o tempo todo. Compartilho minhas incertezas, meus anseios e lamentos. Há muitas feridas abertas e uma vontade imensa de partir, sabe? De partir pra longe, onde tudo o que eu espero seja doce, tenha cheiro de whisky, cores e seja feito de silêncio. Que seja rápido, indolor,  inesperado e maravilhoso. Que não exista corpo. Que tudo conspire à meu favor. Que não me faça querer pensar quando estiver lá. Onde eu possa confiar meus segredos e fechar os olhos na hora de embarcar, sem lamentos, sem arrependimentos. 
 Todo mês, pelo menos uma vez sequer no mês eu espero por isso, eu desejo isso, tenho necessidade de algo que não é mais necessidade, não é mais prioridade, portanto quero me desfazer disso. Disso que me deram, disso que eu tenho que construir, disso que eu não possa temer nem fracassar, disso que dizem por aí ser bom se souber aproveitar, disso que eu sou, disso que você é, disso que todos nós somos e temos. Isso eu não preciso alimentar, disso eu prefiro me livrar, disso que chamam de viver. Isso eu não posso mais esperar, pra tudo tem um jeito, e o meu jeito de me livrar disso já não era de se imaginar.






Louise Martins





                                      Trust 2010, por Alyssa Monks.




                                 

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