Eu caminho ansiosa e observo as pessoas que cruzam o meu caminho até chegar a sua casa. É sempre o mesmo caminho gostoso, com passos apressados e eu estou cheia de saudade. O porteiro poderia notar minha inquietude por não ter paciência com o elevador do seu prédio que eu sempre acho lento demais pra vir me buscar e me levar até o seu andar. Me dá uma agonia quando você demora para abrir a porta, eu fico cheia de ansiedade por esperar que você destranque a fechadura e me receba para um abraço silencioso. E eu me sinto na minha casa, caminho pelo meu corredor, entro no meu quarto e deito em minha cama, cujo o cenário lhe pertence. A sala, a cozinha, o banheiro, tudo. Tudo é seu. Por uns instantes somos um do outro.
Os cheiros não tem mais dono. Assim como os gostos, sabores. É um gosto de beijo meu e seu, e o cheiro é nosso. Não meu, nem seu. O sorvete é seu, às terças e quintas é nosso. - E o meu, derretido, por favor.
Louise Martins.
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