Sonhar com você tem sido estranho e desesperador, esta noite sonhei. Esta manhã acordei assustada, com saudade...
Tudo era diferente, nossas vidas, o bairro onde morávamos, a sala, a cozinha, a varanda, seus livros, meus livros, nós dois. Parecia um antigo bairro da minha infância, as ruas não eram largas, não havia barulho fora nem dentro de casa. Tudo era branco e sujo. Prédio antigo, cheiro de mofo, escadas em formato de caracól. Tudo estava um pouco desorganizado, como nossa vida juntos, como nossos quartos separados. Nós sentíamos que estávamos nos perdendo um do outro, mas nos abraçávamos e nos beijávamos tão desesperadamente que no final não havia mais fôlego. Entre nós havia um espaço vazio e tentávamos preencher com nossos olhos tristes e lacrimejados. Eu tocava seu rosto, você tocava o meu, nos curvamos um ao outro enquanto o mundo dentro daquela sala rodava entre nós. Já estávamos perdidos, eu sentia saudade, você sorria com os olhos tristes e eu dizia que te amava. Você também me amava. Mas onde se encontrava esse amor? Onde estava o amor que não conseguíamos sentir entre os dedos? Meu amor por você era diferente do seu amor por mim. Eles não pareciam se encontrar, não conversavam. Mas havia saudade, havia uma enorme e desesperada vontade de vê-lo novamente. Das carícias, dos banhos juntos, dos corpos que bailavam entre os lençóis, dos pés frios que conversavam a noite embaixo das cobertas, do seu sorriso doce e o seu cheiro por toda parte, nas minhas roupas, no meu travesseiro...
Meu choro esta manhã na cama, meu quarto sem você, minha vontade de te ligar, de vê-lo, de um abraço... Eu enterrei no travesseiro molhado. O que fazer com tudo isso?
Expression écrite
"A diferença entre a vida e a arte é que a arte é mais suportável." Bukowski
terça-feira, 16 de abril de 2013
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Seu vigésimo sétimo aniversário
Todos esses anos, fantasmagoricamente, elas e você. Eu e todas elas. Todas nós. Eu e você. E agora, eu. Você.
Hoje, seu vigésimo sétimo aniversário. E ainda que pudesse algum dia lhe desejar; hoje, como outro dia qualquer lembrei-me com carinho dos teus sorrisos confusos e algum medo nos teus olhos ao se aproximarem desta data. Pois ficarás melancólico e os filhos que nunca terá irão encher tuas gavetas. E rezarás para que não exista mais nada que ainda possa ver.
Mas você é mais forte.
Todos os dias penso no que poderia ter sido dito, no que poderia ter sido feito para que este fim fosse menos doloroso. Mas o amor se escondeu, se perdeu no meio da loucura, nos semáforos, nas filas de banco, no caminho de volta para casa, na mesa de bar. Carrego um misto de dor e culpa. Não há o que fazer. Está feito. Está dito. Está acabado.
Mas você é mais forte. E nossos caminhos continuarão. Não juntos. Não aqui.
Sorte.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Um dia abrirá os olhos em algum lugar, ao lado de alguém que realmente o ama e irá se acostumar com algo que poderá sentir por entre os dedos. E não mais irá se acostumar com algo que nunca teve. Procure em suas gavetas, os teus fantasmas que guarda com tanto apreço. Sou só mais um deles, na porta da geladeira, nos projetos futuros e filhos que nunca poderá ter e na sua medíocre e performática felicidade de comprar pão nos finais de tarde. Não lamento.
terça-feira, 3 de abril de 2012
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